Quais os problemas de Boruto, e vale a pena acompanhar a série hoje em dia?

Daniel Oliveira Por Daniel Oliveira

A série Boruto, continuação de Naruto, teve um começo complicado, pois o enredo e desenvolvimento de personagens não eram lá dos melhores.

Mas Boruto conseguiu se reerguer aos poucos e atualmente é uma história que é bem desfrutável.

Mas, afinal, quais são os principais problemas de Boruto, e será mesmo que vale a pena conferir a série?

O grande problema de Boruto

Entre os problemas de Boruto, um dos principais é que a história começou a ser escrita por outra pessoa, Ukyō Kodachi, pois o autor original Masashi Kishimoto decidiu que não tinha interesse em fazer uma sequência. Ele continuou ajudando, mas muito da série é escrito por Kodachi.

Em entrevista para a Shonen Jump, Kishimoto é bem claro e diz: “Eu fiz tudo o que queria, então eu estou tranquilo em terminar naquele ponto“, e ele continua com: “Mas se meu assistente Mikio Ikemoto quiser desenhar uma sequência, então eu aceitarei“.

Apesar de o criador de Naruto ter falado que não tinha interesse em uma sequência, ele expressou desejo de fazer um reboot de Naruto, que seria desenhado por outro artista, no estilo dos quadrinhos americanos.

Para quem não sabe o que é reboot, é reiniciar a história e começar por outros caminhos, com novas possibilidades, tipo os filmes do Homem-Aranha, onde em termos de enredo eles não se conectam. Essa ideia de Kishimoto acabou indo por água abaixo pois a Shueisha e o resto do time já estavam avançados no projeto de Boruto.

Esse caso é bem parecido com o de Dragon Ball, pois no final de Dragon Ball Z, o autor Akira Toriyama decidiu que queria ficar em paz, mas o estúdio Toei Animation veio com a ideia de Dragon Ball GT, pois uma sequência seria uma maneira de lucrar com o sucesso da série anterior.

Outros problemas que surgem como resultado da ausência do Kishimoto

4. Trama apressada e não planejada

Kishimoto não estar tão envolvido nos planos de Naruto acaba nos levando a vários outros problemas. Por exemplo, se considerarmos que Boruto veio inicialmente apenas como uma maneira de lucrar com o sucesso de Naruto, então está explicado a falta de profundidade da narrativa de Boruto, que é uma história apressada, com a maioria dos seus episódios sendo originais do anime. Mais precisamente falando, de mais de 240 episódios, apenas 60 são baseados no mangá.

3. Tratamento de personagens

O próprio Kishimoto já não era muito bom em dar um tratamento adequado para seus personagens, mas sua ausência na escrita da história acabou piorando mais ainda as coisas. Para os fãs de Naruto, não há nada pior do que ver seus personagens favoritos sendo apagados da história, como Naruto e Sasuke, que foram enfraquecidos para favorecer a nova geração. Muitos designs de personagens também deixam a desejar, como de Rock Lee, Shino e Gaara.

2. Muita tecnologia

Um grande problema presente em Boruto, de acordo com a maioria dos fãs, é que a série evolui muito tecnologicamente em pouco mais de 10 anos e acabou apagando um pouco o charme dos ninjas. Isso é especialmente verdade quando falamos sobre o surgimento de ferramentas científicas ninjas, que inclui, por exemplo, metralhadoras, drones, robôs ou até manoplas que podem usar diferentes jutsus, mesmo se o usuário não saber usá-los.

1. Níveis inconsistentes de poderes

Um grande desafio em Boruto era encontrar o equilíbrio ideal dos níveis de poderes. Sasuke deveria ser o ninja mais forte do mundo, enquanto Naruto não ficaria muito atrás, apesar de estar mais enferrujado, mas como manter isso quando eles podem ofuscar a nova geração? No fim do dia, para o desgosto dos fãs, os dois foram enfraquecidos. Isso parecia uma forma de baixar um pouco os níveis para equilibrar as coisas, mas aí Boruto fez foi aumentar mais ainda os níveis de poder, introduzindo novos personagens chamados de deuses, capazes de literalmente realizar milagres.

A volta do Masashi Kishimoto em 2020

Vale a pena conferir Boruto?

Como vimos acima, Boruto tem um monte de problema. Para piorar, tem uma tonelada de episódio “original”, que não é exatamente filler, pois eles narram algo que realmente acontece ao invés de ser só um preenchimento. Mas sinceramente esses episódios podem ser bem chatos de conferir. Se você for um super fã da série, então vale a pena assisti-los. Por outro lado, procura aí na internet uma lista com os episódios canônicos baseados no mangá e assiste só eles.

A boa notícia para os velhos fãs de Naruto é que Kishimoto voltou a trabalhar no mangá de Boruto a partir do capítulo 52, intitulado “Modo Bárion”, publicado em 20 de novembro de 2020. Kishimoto voltou como escritor, assumindo o lugar de Kodachi, que era o escritor e deixou o projeto. Com a participação de Kishimoto, o mangá de Boruto foi até o capítulo 80 e depois entrou em um pequeno hiato de alguns meses, e depois voltou com a parte 2, intitulada “Boruto: Two Blue Vortex”, que tem 11 capítulos até o momento.

Esse hiato permitiu o autor de Naruto elaborar uma história muito mais legal. A série deu um salto no tempo de 3 anos, mostrando um protagonista muito mais maduro e poderoso, um Boruto que claramente é muito diferente do Boruto que os fãs odeiam. Essa nova fase da história tem sido muito elogiada pelos fãs e ela tem uma avaliação muito mais alta que a série anterior em sites como myanimelist. Claramente, a volta de Kishimoto tem feito a diferença em Boruto, por isso pode ser uma excelente ideia começar a ler o mangá ou os episódios canônicos do anime. O começo é duro, mas só vai melhorando com o tempo.

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